segunda-feira, maio 03, 2004
Bernardo Devlin em Lisboa (Galeria Zé dos Bois, 1 de Maio de 2004)
Poderá um concerto que faz sono ser bom? Será que adormecermos ao som de alguém a cantar é uma das coisas melhores a que um músico pode almejar? Se for, o concerto do Bernardo Devlin é o melhor do ano. E digo isto sem estar a gozar. Porque este concerto foi realmente bom. Mas também cria exactamente a ambiência ideal para nos deixarmos embalar. Do Bernardo só conheço o seu primeiro álbum, já de 1993, uma das melhores experiências da música experimental portuguesa dos anos 90. Agora, contudo, está francamente mais melódico e com uma guitarra na mão. Com uma das vozes mais bonitas que conheço actualmente e uma pose a lembrar vagamente o Nick Cave, as canções dele parecem ecos remanescentes de um Peter Hamill nas trevas. A guitarra marcava o tempo exacto para criar um tempo suspenso, feito de silêncios. Tanta pose às vezes contagia a audiência, e acabou por ser algo divertido ver pessoas que passavam o tempo a rir, outras que dormiam (e que acordavam de repente para bater palmas entusiasticamente) e outras que batiam palmas antes da canção acabar e que depois insistiam para não dar parte fraca. Mas o Bernardo Devlin manteve-se impertubavel ao som dos risos, ressonar e palmas a despropósito, como se a sua música estivesse muito além de coisas tão mundanas.
Poderá um concerto que faz sono ser bom? Será que adormecermos ao som de alguém a cantar é uma das coisas melhores a que um músico pode almejar? Se for, o concerto do Bernardo Devlin é o melhor do ano. E digo isto sem estar a gozar. Porque este concerto foi realmente bom. Mas também cria exactamente a ambiência ideal para nos deixarmos embalar. Do Bernardo só conheço o seu primeiro álbum, já de 1993, uma das melhores experiências da música experimental portuguesa dos anos 90. Agora, contudo, está francamente mais melódico e com uma guitarra na mão. Com uma das vozes mais bonitas que conheço actualmente e uma pose a lembrar vagamente o Nick Cave, as canções dele parecem ecos remanescentes de um Peter Hamill nas trevas. A guitarra marcava o tempo exacto para criar um tempo suspenso, feito de silêncios. Tanta pose às vezes contagia a audiência, e acabou por ser algo divertido ver pessoas que passavam o tempo a rir, outras que dormiam (e que acordavam de repente para bater palmas entusiasticamente) e outras que batiam palmas antes da canção acabar e que depois insistiam para não dar parte fraca. Mas o Bernardo Devlin manteve-se impertubavel ao som dos risos, ressonar e palmas a despropósito, como se a sua música estivesse muito além de coisas tão mundanas.
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