quinta-feira, julho 08, 2004
LHASA no Fórum Lisboa (7 de Julho de 2004)
Falar do concerto da Lhasa sem falar do público é como falar de um ovo sem falar da clara. Porquê? Porque foi impressionante o desespero pré-concerto das pessoas que não tinham bilhete, à espera de conseguirem um lugar no Fórum Lisboa para assistirem ao concerto da Lhasa. Cheguei a receber um telefonema de amigos a dizerem que estavam a começar a ter instintos homicidas, de tal forma desejavam o bilhete. Não conseguiram.
Porquê este culto por uma cantora quase desconhecida, que editou 2 álbuns em 7 anos? Penso que se deve principalmente a um longo periodo em que amigos diziam a amigos que o álbum "La Llorona" era uma maravilha. De facto é. Pega na tradição musical mexicana e moderniza-a, e com isso a Lhasa conseguiu fazer um dos melhores álbuns da década de 90 devido a uma voz invulgar e letras brilhantes. "The Living Road" do ano passado seguiu já um caminho diferente, aparecendo canções em inglês e francês, e foi recebido de forma mista pelos fãs da "La Llorona". Normalmente com uma primeira reacção fria, para depois o álbum se entranhar definitivamente quase como o primeiro. É diferente, mas é também excelente.
No Fórum Lisboa o álbum mais focado foi justamente o "The Living Road", arracando o concerto com a soberba "Con toda palabra". Seria um grande arranque, mas era notório algum nervosismo e timidez da Lhasa perante uma sala completamente cheia e rendida à partida aos seus encantos (é realmente chato o público português, ainda o concerto não começou e já estão rendidos). O concerto continuou pelas canções deste álbum, e progressivamente notava-se que a Lhasa ia crescendo em autoconfiança. A dada altura a Lhasa dirigiu-se ao público em português! E assim foi várias vezes. "J'arrive à la ville" marcou uma mudança no concerto, com o público algo apático, mas com a Lhasa a arrancar um boa interpretação de uma das melhores canções do novo álbum. Pelo meio houve uma canção tchetchena e uma canção portuguesa, um fado! Infelizmente não conheci a canção... O ponto alto surgiu, contudo, com as canções do incontornavel "La Llorona". "De la cara a pared", "El Desierto" e uma espantosa interpretação de "Los Peces" foram grandes momentos, que provocaram a apoteose junto do público. A muito tom waitsiana "Small Song" também contribuiu para a criação de uma atmosfera festiva que levou a dois encores aplaudidos de pé por todas as pessoas do público no Fórum Lisboa (a sério, estava toda a gente de pé a aplaudir). Terminou com a extratosférica e existencialista "Soon this space will be too small", algures entre a Björk, o Brian Eno e os Cluster, que a Lhasa explicou como tendo partido de uma ideia do pai dela, que é filosofo, acerca do nascimento e da morte. E então o Fórum Lisboa foi demasiado pequeno, e também nós nos fomos embora. O público parecia reticente, e acumulava-se na entrada do Fórum Lisboa, talvez à espera de mais. A passagem da Lhasa foi inesquecivel.
Falar do concerto da Lhasa sem falar do público é como falar de um ovo sem falar da clara. Porquê? Porque foi impressionante o desespero pré-concerto das pessoas que não tinham bilhete, à espera de conseguirem um lugar no Fórum Lisboa para assistirem ao concerto da Lhasa. Cheguei a receber um telefonema de amigos a dizerem que estavam a começar a ter instintos homicidas, de tal forma desejavam o bilhete. Não conseguiram.
Porquê este culto por uma cantora quase desconhecida, que editou 2 álbuns em 7 anos? Penso que se deve principalmente a um longo periodo em que amigos diziam a amigos que o álbum "La Llorona" era uma maravilha. De facto é. Pega na tradição musical mexicana e moderniza-a, e com isso a Lhasa conseguiu fazer um dos melhores álbuns da década de 90 devido a uma voz invulgar e letras brilhantes. "The Living Road" do ano passado seguiu já um caminho diferente, aparecendo canções em inglês e francês, e foi recebido de forma mista pelos fãs da "La Llorona". Normalmente com uma primeira reacção fria, para depois o álbum se entranhar definitivamente quase como o primeiro. É diferente, mas é também excelente.
No Fórum Lisboa o álbum mais focado foi justamente o "The Living Road", arracando o concerto com a soberba "Con toda palabra". Seria um grande arranque, mas era notório algum nervosismo e timidez da Lhasa perante uma sala completamente cheia e rendida à partida aos seus encantos (é realmente chato o público português, ainda o concerto não começou e já estão rendidos). O concerto continuou pelas canções deste álbum, e progressivamente notava-se que a Lhasa ia crescendo em autoconfiança. A dada altura a Lhasa dirigiu-se ao público em português! E assim foi várias vezes. "J'arrive à la ville" marcou uma mudança no concerto, com o público algo apático, mas com a Lhasa a arrancar um boa interpretação de uma das melhores canções do novo álbum. Pelo meio houve uma canção tchetchena e uma canção portuguesa, um fado! Infelizmente não conheci a canção... O ponto alto surgiu, contudo, com as canções do incontornavel "La Llorona". "De la cara a pared", "El Desierto" e uma espantosa interpretação de "Los Peces" foram grandes momentos, que provocaram a apoteose junto do público. A muito tom waitsiana "Small Song" também contribuiu para a criação de uma atmosfera festiva que levou a dois encores aplaudidos de pé por todas as pessoas do público no Fórum Lisboa (a sério, estava toda a gente de pé a aplaudir). Terminou com a extratosférica e existencialista "Soon this space will be too small", algures entre a Björk, o Brian Eno e os Cluster, que a Lhasa explicou como tendo partido de uma ideia do pai dela, que é filosofo, acerca do nascimento e da morte. E então o Fórum Lisboa foi demasiado pequeno, e também nós nos fomos embora. O público parecia reticente, e acumulava-se na entrada do Fórum Lisboa, talvez à espera de mais. A passagem da Lhasa foi inesquecivel.
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