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quinta-feira, outubro 27, 2005

Kubik "Metamorphosia" (Zounds Records, 2005)


4 anos depois do primeiro álbum de Kubik chamado "Oblique Musique" (e não entrando em linha de conta com o seu primeiro CD-R de 1999 chamado "Radio Mutation", que nunca teve uma edição oficial), Victor Afonso regressa com esse nome, lançando um novo álbum chamado "Metamorphosia". No entretanto houve muito trabalho feito, designadamente um álbum para a Câmara Municipal da Guarda chamado "Guarda: a memória das coisas", e muitas participações em compilações. Pelo caminho Kubik foi ganhando cada vez mais adeptos, como por exemplo Mike Patton, ex-vocalista dos Faith No More e Mr. Bungle: no ano passado Kubik foi convidado especial da primeira parte do concerto de uma das bandas actuais de Mike Patton, os Fantomas. E realmente há muita coisa em comum entre a música de Kubik e de Mr. Bungle. Quanto mais não seja ambos partilham uma paixão desmedida por inúmeros géneros musicais, alguns deles completamente distintos. E, como é sabido, uma das melhores formas de criar coisas novas e excitantes é justamente misturar 2 coisas diferentes que gostamos muito. Tem sido assim a história da música. Kubik, contudo, vai muito mais longe que isso, aplicando transformações constantes à memória e arquivo da música, recriando-as num novo contexto. Por vezes cinematografico, outras vezes numa alucinação pop que o aproxima da irreverência referencial de uns Residents ou dos adeptos da pilhagem sonora.

E os filmes são uma enorme fonte de inspiração para Victor Afonso. Hitchcock, irmãos Marx, Eisenstein, Kubrick, Buñuel, e muitos outros são referências constantes no imaginário de Victor Afonso. Em "Metamorphosia" há uma Hitch song e referências a vampiros, vegetais canibais e outras criaturas que povoam os filmes de terror série B. Old Jerusalem canta amargurado que é um vampiro e Adolfo Luxúria Canibal fala que era chegado o tempo de almas penadas, como se o terror estivesse no virar da esquina. O medo e a ameaça percorrem "Metamorphosia", num cenário quase de cartoon. Espraiadamente há beats contagiantes em "Cannibal Vegetables" e golfadas de riffs metálicos de guitarra. "Metamorphosia" é um mosaico de cores em que a Alice do país das maravilhas espreita escondida num canto ao lado de um coelho com dentes de vampiro. E no meio disto tudo é evidente que existe em "Metamorphosia" um maior desejo de fazer canções que em "Oblique Musique". Como se Victor Afonso abandonasse um pouco a teoria musical do seu primeiro álbum, para mergulhar definitivamente naquilo que mais lhe interessa.

Comments:
deve estar a chegar, segunda lá vou eu aos correios :) Finalmente ...
 
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