segunda-feira, novembro 21, 2005
Sigur Rós no Coliseu, ontem
Muito pouco tempo depois de editarem "Takk...", os Sigur Rós voltaram a actuar em Portugal. Foi um momento de reencontro para mim com esta banda: desiludido com o "()" (um álbum fraco, como ontem se viu, de resto, foram as canções deste álbum os momentos menos bons da noite), regressei a acreditar neles depois do EP "ba ba ti ki di do", escrito para uma peça de dança de Merce Cunningham (que em tempos idos quando ainda não eramos nascidos, coreografou música de John Cage). "Takk...", apesar de algumas fraquezas como um excesso de produção e de arranjos desnecessariamente complicados, exibe canções como "hoppípolla" onde o lado épico dos arranjos não é capaz de ofuscar a fulgurante emotividade da faixa. Previa-se que as versões ao vivo de "Takk..." fossem superiores à dos disco, devido ao facto de perderem os excessos de estúdio. Foi exactamente isso que aconteceu. Com um setlist hábil e equilibrado (que percorreu os álbuns "ágætis byrjun", "()" e "Takk..."), os Sigur Rós tocaram de uma forma irrepreensível, com garra e já com a tarimba de palcos das bandas mais veteranas. Sabiam exactamente como agradar o público, e fizeram. Mas ainda assim também souberam ir além da simplesmente reprodução do que foi gravado em estúdio, fazendo uma excelente gestão dos silêncios e das descargas de ruído, de tal forma que a dada altura chegaram mesmo a fazer lembrar os godspeed you black emperor!, a banda que os apadrinhou no inicio da carreira. O público, por outro lado, roçou várias vezes o histerismo adolescente um bocado exagerado, como se notou no silêncio da "viðrar vel til loftárása", onde um telemovel tocou e o público não resistiu e... riu. Para um público que exibia tanta "devoção" pela banda, é estranho quebrarem a concentração justamente num dos melhores momentos do concerto... Mas houve muitas palmas, e os Sigur Rós agradeceram no final.
Na 1ª parte houve as Amina, o quarteto que acompanha os Sigur Rós ao vivo. O EP "Aminamina" era promissor, com uma densidade algo depressiva. O concerto, contudo, foi uma desilusão. Com muitos novos temas, exibiram o B A BA da indietrónica, sem alma e sem chama, a citarem com uma enorme frequência bandas como os Múm. Mas faltava-lhes algum sangue, notava-se que era apenas simples entretenimento. A melhor faixa acabou por ser justamente a última, a mais divertida, com uma melodia que lembrava um pouco as experiências de Raymond Scott. Se as Amina seguirem este caminho, pode ser que ainda sejam interessantes. Se seguirem o caminho do resto do concerto, pode ser boa música para lojas com um qb de trendy.
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